
Por Igor Vincenzi
Foi a primeira final que acompanhei com mais atenção. Sou vascaíno desde pequeno por causa do meu padrasto, inclusive meu primeiro jogo já foi uma final do Rio-SP contra o Santos que vencemos em 1999, mas ainda era uma simples criança que ia pra estádio apenas pra comer cachorro quente a espera do replay após os gols. Andava meio desanimado com meu time, com essa falta de títulos, com a queda pra segunda divisão. Na realidade precisava de uma conquista, que não vinha desde 2003 e ele veio nesse dia 8 de junho de 2011 que se tornou não só pra mim como para todos os vascaínos, uma data totalmente inesquecível.
Assim que acordei não tinha cabeça para nada. Fui trabalhar, estudei, mas com o pensamento sempre na grande final. Fiquei irritado por não conseguir ir para o primeiro jogo, que vencemos por 1 a 0, por falta de ingressos e uma bagunça nos pontos de vendas, onde os prejudicados são sempre os torcedores. Tentei ainda ir para Curitiba, mas em vão. O negócio era assistir a partida aqui no recanto de minha casa, minha moradia coberto de bandeiras e uniformizado da cabeça aos pés.
Rolou a bola, faltava apenas 90 minutos mais os acréscimos para os vascaínos de todo o Brasil e do mundo soltarem o grito de campeão. Tempo interminável, segundos e minutos passavam lentamente. Qualquer empate era título pro Gigante da Colina, mas esse resultado nem passava na minha cabeça. Queria o time jogando bem fora de casa, igual nas partidas anteriores. Não demorou muito para começarmos a comemorar. Alecssandro abriu o placar em belo passe de Eder Luiz. Alivio dos vascaínos, mas veio a pressão do Coritiba. Tanto pressionou que surtiu efeito. Bill e Davi fecharam o primeiro tempo em 2 a 1 para os paranaenses. Já não tinha mais unhas, amigos ligando perturbando, avisando que vinha mais um vice, mas nem dava bola, estava concentrado.
Começou o segundo tempo e Eder Luiz num chute despretensioso empata novamente, 2 a 2. Era só administrar o resultado que a taça não mudaria o seu verdadeiro destino. A festa novamente foi rápida. Minutos depois do gol vascaíno, Willian em chute inacreditável marca um golaço e faz o Estádio Couto Pereira se inflamar. Nisso ainda faltavam pouco mais de 25 minutos para o fim do jogo. Não queria saber de nada, estava muito nervoso, não atendia telefonemas, não queria comer nada, só esperava o final do jogo. A transmissão daqui de casa é lenta, então a do rádio é mais rápida. Para se ter uma idéia quando o atacante chutava pra fora na TV, o goleiro já tinha batido o tiro de meta no radinho, então é pra lá que eu fui. De lá ouvi, Fernando Prass soltando a bola no pé do atacante adversário quase provocando uma grande desgraça na vida dos torcedores. Os minutos passavam arrastando, mas tinha certeza que o 3 a 2 permaneceria e o título com a vaga na Libertadores vinha para o Vascão da Gama. Assim que acabou o jogo não me contive, sai gritando por todos os cantos da casa e da rua. Um grito sincero preso durante anos, mas libertado nessa noite.
A festa que os torcedores fizeram não só aqui no meu bairro, como em todos os outros foi linda. Bandeiras ecoadas nos prédios, torcedores com a camisa, carros tocando o hino foram alguns dos ingredientes dessa grande comemoração. Eu não sabia o que fazer. Estava feliz, nervoso, aliviado, uma grande mistura de sentimentos que esse time me fazia passar. Certamente foi o dia mais feliz da minha vida, e creio que ainda virão mais. Como diz o hino “sua imensa torcida é bem feliz” e ficou bem mais com esse novo momento que os torcedores estão passando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário